domingo, 30 de novembro de 2008

Única

Fez-se noite em meu querer; amada!
De tua ida, ficaste pura em imagem:
Imaculada,
Celestial,
Feito anjo perfeito, entranhada em meus poros!
Imortal...
Levo-te em meu peito; agora frio e manso.
Relevo de dor e amor
Do beijo que não se pronunciou
Das palavras nunca ditas
Da saliva sedenta,
Que em minha boca nua secou
Meu corpo em suspiro com o teu
Renasce, floresce!
Minha pele trêmula, cálida, faminta...
Ainda clama por teu nome; incessante!
Entre sussurros no silêncio da madrugada
Ser-te-ei tua; somente.
Minh'alma proclama-te
Entre versos e lábios tristes
O que não tem princípio nem fim
Beijo-te a face oculta
E tuas curvas tão sonhadas
Quimeras...
Na imensidão infinda do desejo
Indefinidamente
Destino insólito,
Latejante,
Soberbo,
Ilustre obra do acaso
Que no relento da brisa úmida
No inesperado fortuito da paixão
Trouxeste-lhe divina, magestosa!
Para os braços do meu coração...
Dentre todas, foste a única.
Passarão muitas Joanas e Marianas
E tantas outras e outras Anas...
Mas por nenhuma delas sentirei o amor
Que por ti, mulher...
Fez de mim, quem hoje sou!
Só tu foste capaz
De transformar em contentamento
O vasto recôndito de minha solidão
És-me paz
És-me vida
Sou-te tudo o que precisares, querida.
Imortalizo-me em ti
Pois que me sinto agora o próprio amor
Sou-te tua.
Em corpo e alma.
(Adriane Muilaert)

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