terça-feira, 17 de março de 2009

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Tenho a exata sensação de não estar bem.
É como se eu me sentisse fora de mim mesma.
Uma sensação de vazio que me enlouquece a alma.
Às vezes me perco sem encontrar o caminho de volta de mim.
E é nessas horas que tenho a certeza da morte.
Ela vem mansa e sorrateira, sem pretenção de ser e estar.
Mas a vida sempre me fala mais alto.
E então esbravejo toda minha dor.
Como num corte profundo, sem fim... cicatrizes de mim.
Marcas deixadas ao vento e sopradas de leve sobre a minha pele densa.
Tão machucada estou.
É dilacerante esse caminho sem ninho e sem morada.
É demasiadamente escuro e vazio.
Onde ecos perfazem meu medo e pavor.
Me falta coragem.
Me falta até mesmo palavras que não me adoeçam.
Estou só.
Somente com a companhia de minha sombra.
E ela se faz vultuosa.
Me falha, às vezes, vê-la descontente.
É o meu reflexo.
O que posso fazer?
Nada.
Senão aceitar suas cores opacas por trás de mim.
E se vão na frente, o caminho é sinistro.
Porque nada há que me surpreenda.
Há a razão inconcebível do fim cinzento e desgastante da vida.
Morte e vida: elos que me atraem a escolhas tardias.
Já não mais opto, apenas sou.
Deveras o que nunca senti em minha essência.
Tão carente e a procura de uma partida
Que justifique, um dia, minha chegada aqui.
(Adriane Muilaert)

Um comentário:

Maria do Socorro disse...

Olá! Nossa! Parabésns pelo lindo blog! Os poemas são maravilhosos! Fiquei feliz por ter conhecido o Cartases da Alma hoje. Foi um bálsamo para mim. Boa sorte.